Refúgio para o lazer
Texto: Vitória Oliveira
De um lado, está o oceano pacífico, e do outro, as cordilheiras de Oaxaca, no México. Essa é a localização privilegiada da Casa Cova – assinada pelo escritório Anonimous. Implantada em um terreno com 3.500 m², a residência teve seu programa pensado como um refúgio de férias para duas famílias, que envolveu a criação de dois conjuntos de quartos privativos que se conectam através da área de lazer.
O programa é composto por duas partes principais: dois volumes paralelos inseridos na lateral do terreno abrigam as suítes privativas e na grande área comum central está a piscina, o jardim e os pergolados. O volume central, que marca o acesso principal da morada, possui duas entradas laterais que auxiliam na ventilação dentro dos espaços comuns, além de criar um padrão de luz dinâmico do anoitecer ao amanhecer.
O volume central se materializa em um espaço público de multiuso com pé-direito duplo, abrigando as salas de estar e jantar e o bar. Esse volume é elevado por uma palapa com 30 m de comprimento, o revestimento feito de folhas de palmeiras secas proporciona ambientes arejados e cria sombras em dias mais quentes.
Um sistema de paredes paralelas de concreto envolve os dois blocos que abrigam os cômodos privados da casa. Cada suíte máster tem sua própria visão emoldurada do horizonte do Pacífico. Os pavilhões são conectados por uma série de pátios abertos interligados que criam as principais vistas e pontos de entrada para os quartos, além de obter ventilação cruzada para que as temperaturas internas possam ser reduzidas.
Para o lazer dos moradores, os arquitetos colocaram redes de descanso para a contemplação da paisagem Foto: Rafael Gamo Todos os dormitórios e o volume central principal dividem a vista para a natureza ao redor e para a piscina (ao centro), que foi concebida como um conjunto de planos alternados, contendo zonas de lazer sombreadas direcionadas para o oceano.
A casa foi projetada para trabalhar com seu contexto natural, usando folhas de palmeiras secas de origem local para paredes e tetos, madeira parota para a marcenaria e um descanso verde da vegetação regional de baixa manutenção escolhida para paisagismo que ajudam a obter manutenção e dignificar o processo de envelhecimento do edifício.
O uso confiável do concreto na estrutura e acabamentos também responde às necessidades locais. Além disso, a intensidade constante do sol e a salinidade do local exigem um material que envelhece finamente sem necessidade de muita manutenção.
Materialidade
O uso de materiais orgânicos e concreto também vem do fato de a casa ter sido construída com técnicas artesanais regionais, além de ser usada para decoração de interiores e arte local exposta no projeto. O edifício também está estrategicamente elevado a 5 pés do solo, para evitar inundações do conhecido swell que geralmente afeta a área da costa de Puerto Escondido.
As salas principais, plantas interligadas e tetos altos da Casa Cova, procuram lembrar as alturas alternadas das câmaras maciças das ruínas arqueológicas de Mitla que estão justapostas com as pequenas passagens privadas comumente encontradas na arquitetura pré-colonial regional.