Edifício Igara
Texto: Juliana Nakamura
A pandemia de Covid-19 impôs uma série de transformações sociais, alterando o modo de trabalhar e de morar nas cidades. O desejo por espaços amplos e qualificados, bem como por mais contato com a natureza adquiriu senso de urgência, impactando a concepção arquitetônica de forma contundente.
Foi em meio a esse contexto que os arquitetos Celso Rayol e Fernando Costa, do Cité Arquitetura, desenvolveram o Edifício Igara, no Alto Leblon. Trata-se de um tributo à memória da cidade, bem como uma resposta às condicionantes locais e ao momento histórico.
Repleto de elementos simbólicos de exaltação ao ambiente natural, o prédio com somente 16 unidades ocupa um terreno de esquina entre as ruas Igarapava e Sambaíba. O nome das duas ruas foi um ponto de partida para o desenvolvimento do conceito. Igarapava, termo de origem tupi que significa porto de canoas, ajudou a batizar o edifício. Já Sambaíba, um arbusto do cerrado, influenciou a concepção da torre que, como uma árvore, possui um embasamento sólido e um corpo menos rígido, com gradis que funcionam como galhos. “O Igara resgata a cor da terra sempre foi muito evidenciada na história da arquitetura brasileira, mas com o passar do tempo, foi se perdendo nos projetos urbanos”, comenta Rayol.
As características do lote, com desnível entre as duas ruas exigiu um cuidadoso trabalho de implantação para compatibilizar diferentes níveis e acessos e estabelecer uma relação amigável com o nível do pedestre, levando mais jovialidade e frescor a uma área marcada por prédios mais antigos.
Com fechamento de vidro retrátil, as varandas têm protagonismo no projeto, ocupando fração significativa da metragem das unidades. Fernando Costa conta que, nos bairros da zona sul do Rio, como os terrenos são pequenos, a tentativa de melhorar o aproveitamento do espaço conduziu muitos arquitetos a voltar os quartos para prismas internos. “No Igara, conseguimos evitar essa situação aproveitando a riqueza de perímetro que o terreno nos oferecia. Com isso, integramos salas e quartos a esses espaços semiabertos, levando mais luminosidade, ventilação e sensação de liberdade às unidades”, continua Costa.
Para reforçar a integração com cidade, a torre no Alto Leblon tem, em sua cobertura, um terraço-jardim. O local, com horta e espécies da restinga, oferece mais uma oportunidade para o usuário contemplar a vista privilegiada para o entorno arborizado e para o mar.
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