Marcenaria versátil
Texto: Thais Matuzaki
Plantas chanfradas eram tendência na arquitetura de 30 anos atrás, época em que o Apartamento Itaim nasceu, em um edifício localizado no bairro do Itam Bibi, na capital paulista. Passados os anos, mais precisamente em 2012, essa configuração tornou-se um obstáculo para o novo casal de moradores. Entre as suas exigências, amplitude e modernidade eram as primordiais. A partir disso, o escritório Manore Arquitetura e Urbanismo encabeçou a reforma do imóvel de 150 m², recriando salas amplas e integradas com truques da marcenaria.
O uso de madeira entrou no projeto arquitetônico estabelecendo algumas funções estruturais, além de construir a identidade estética do apartamento. “Criamos um design aconchegante com a madeira em elementos coloridos, que refletem a personalidade alegre do casal”, afirma a arquiteta Nádia Manssur.
Além do layout original que não se adequava ao estilo dos moradores, os acabamentos do apartamento também estavam demasiadamente ultrapassados. Como nos conta Manssur, a equipe decidiu retirar alguns chanfros e setorizar os ambientes com base na disposição da marcenaria.
Estante e cristaleira
Na área íntima do Apartamento Itaim, um dormitório foi integrado à suíte máster com o objetivo de alojar um espaçoso closet.
Mas a surpresa do projeto se deve mesmo à extensa cristaleira feita de madeira imbuia, cujs portas embutidas – inclusive a da cozinha –, criam a aparência de um grande painel. “Esse elemento delimita os ambientes, bem como integra parte da lavanderia com a sala de jantar”, Manssur explica e acresecenta sobre os destaques da iluminação nesse espaço: “Logo acima, os spots de iluminação lavam a madeira, enfatizando seus veios”.
A cristaleira, executada em madeira imbuia, parece um extenso painelFoto: Ricardo Bassetti
Para ampliar a área da sala, um dos quartos do apartamento foi extinto. Exatamente no local da parede antiga, foi instalado um móvel – executado em ferro e madeira com painéis coloridos –, que toca o chão ao teto. De acordo com Manssur, ao mesmo tempo em que essa mobília criou um ambiente para a sala da TV, também manteve a permeabilidade visual dos espaços através dos cheios e vazios das prateleiras. Com um ar da corrente modernista, seu desenho remete aos quadros do pintor Piet Mondrian, devido aos pequenos painéis de cores primárias e a estrutura em formas retilíneas, pintadas de preto.
Além da estante da TV, as cores vibrantes também estão presentes em outros elementos do apartamento, como nas portas (azuis) e na poltrona da sala de estar (amarela). “Elas vestem a identidade forte e alegre do casal”, define a arquiteta.