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Modernização e Restauro do Museu do Ipiranga

Modernização e Restauro do Museu do Ipiranga
O Museu do Ipiranga, monumento que marca a independência do Brasil, em São Paulo, foi restaurado, modernizado e reformado pelo escritório de arquitetura H+F Foto/Imagem:Nelson Kon

Modernidade e tradição

No topo da colina do Ipiranga, está o monumento que marca o local em que Dom Pedro I proclamou a independência do Brasil. Inaugurado em 7 de setembro de 1895 — com 6.400 metros quadrados, jardim francês e forte interação com a paisagem do seu entorno —, o Museu do Ipiranga foi restaurado, modernizado e reformado, em 2019, pelo escritório de arquitetura H+F.

O edifício histórico foi, inicialmente, pensado para ser contemplado de fora. Descrito como um exemplar da arquitetura neoclássica, ele foi projetado pelo arquiteto italiano Tommaso Gaudenzio Bezzi. Com frontão triangular, a fachada do monumento é repleta de colunas coríntias, que, assim como no interior, mostram a grandiosidade do prédio.

Foi com o passar do tempo que o complexo se transformou em um dos museus mais populares do Brasil. Entretanto — por não ser o propósito inicial — ele não possuía espaço adaptado para receber tamanha quantidade de visitantes.

Uma das consequências desse despreparo foi a deterioração gradativa das estruturas, fazendo necessária a interdição do prédio. Assim, para abrigar o acervo e o patrimônio histórico, em 2004, o edifício histórico do Museu do Ipiranga ganhou um anexo: o edifício projetado por Paulo Mendes da Rocha.

O novo prédio, ao contrário do anterior, foi marcado pela arquitetura contemporânea. Mendes da Rocha investiu em estratégias que davam sensação de amplitude, exploravam a iluminação natural e proporcionavam ventilação aos ambientes. Para isso, ele apostou em fachadas envidraçadas e marquises que integram interior e exterior. Também propôs a criação de três pavimentos, com áreas de exposição no térreo e salas de exposição, de aulas e escritórios nos outros dois.

Pouco tempo depois, após o fechamento do museu em agosto de 2013, a Universidade de São Paulo organizou um concurso para escritórios de arquitetura, que buscava por projetos de reforma e ampliação do complexo. O objetivo era preservar e restaurar o patrimônio histórico e cultural do museu, modernizar as instalações e torná-las acessíveis, sustentáveis e seguras.

O escritório vencedor foi o H+F, que propôs a reconstrução de espaços que fazem interface com o grande público, incluindo os edifícios e o jardim francês. Com um orçamento inicial de R$ 254 milhões disponibilizado pela USP, a equipe deu início à obra em 2019, a qual deveria perdurar pelos três anos seguintes. Os recursos foram cedidos pela iniciativa privada, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, pelo Governo Estadual e por empresas sem incentivo fiscal.

Museu do Ipiranga

O escritório venceu o concurso da Universidade de São Paulo, em 2019, e reformou todo o complexo em três anos

Modernização

Além do intuito de duplicar o volume original de construção, de oito para 16 mil metros quadrados, o projeto tem propostas diferentes para cada um dos três pavimentos do Museu do Ipiranga (jardim francês, edifício moderno e edifício histórico).

A primeira intervenção aconteceu no jardim francês, em direção à Avenida Dom Pedro I. Eduardo Ferroni, arquiteto do H+F, conta que aproveitou um terraceamento já existente — ou seja, a divisão do terreno em rampas inclinadas, como degraus — e transformou o primeiro nível, à frente do monumento, em duas estruturas, uma sobre a outra.

Uma parte da escadaria que levava à entrada do museu foi retirada e, assim, criou-se uma esplanada à frente do edifício histórico. Com esse pavimento retilíneo, a área abaixo dele ficou livre, permitindo a construção da “antessala” do museu, no mesmo nível do jardim. A abertura desse espaço permitiu a duplicação do volume, a criação de um ambiente de acolhimento, bem como intervenções na infraestrutura e a construção de salas de exposição.

Segundo o arquiteto, o projeto desse espaço (a antessala) foi caracterizado pela subtração e integração. As intervenções são, na maioria das vezes, transparentes e permitem grande entrada de luz natural e ventilação — tanto pelas janelas, quanto pelas portas e claraboias, todas de vidro. Além disso, integrando as iniciativas de acessibilidade, o espaço ganhou duas escadas rolantes, um elevador (instalado através de um sistema de valas escavadas) e túnel.

“Depois a gente tem algumas intervenções no interior do edifício monumento”, explica Ferroni. “O foco era, além de criar acessibilidade em todos os andares, dar visibilidade às qualidades que aquela arquitetura já tinha, que eram disfarçadas para o público”, complementa.

Para a acessibilidade, a reforma inseriu duas estruturas de conexão: a primeira, uma torre de circulação, metálica, vertical na ala sul posterior do museu, que dá acesso a todos os pavimentos. Já nas iniciativas de visibilidade, criou-se uma conexão horizontal, no terceiro pavimento, que une as torres do prédio nesse andar.

No último andar do edifício monumento, havia, inicialmente, uma platibanda, que deu lugar a um elemento metálico. Além de permitir a circulação dos visitantes (sem deixar que eles toquem as paredes, por uma questão de preservação do museu), essa estrutura ainda os leva a um mirante, idealizado pelo H+F como uma forma de reconectar a relação entre o prédio e a paisagem externa.

Em um aspecto geral, os espaços do museu foram pensados para proporcionar conforto ambiental de maneira passiva, sobretudo, para melhorar o desempenho energético do prédio. Assim, os caixilhos ganharam ventilação natural em quase todos os ambientes, as salas e escritórios mais fechados foram climatizados, e as estruturas e revestimentos foram revitalizadas, sem perder a originalidade do design inicial.

O foco do edifício moderno, por fim, era a ampliação. Ele ficou com 7 mil metros quadrados, abrigando banheiros, cafés, loja de souvenir e auditório.

“Acho que o principal desafio foi fazer com que a intervenção viabilizasse um uso contemporâneo do museu, porque ele é muito popular e muito visitado. Isso significa que o complexo requer infraestruturas importantes, mas sem fazer com que essas intervenções fossem muito visíveis, ou seja, delicadas numa certa medida e respeitosas com as qualidades que o prédio original já tinha”, conclui Ferroni.

Antes da reforma, o museu recebia cerca de 350 mil visitantes por ano. Após a reabertura, a expectativa é que esse número aumente para um milhão de visitantes ao ano.

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Escritório

H+F Arquitetos6 projeto(s)

Local: SP, Brasil
Início do projeto: 2019
Conclusão da obra: 2022
Área do terreno: 100.000
Área construída: 16.338

Tipo de obra:
Museus

Materiais predominantes:

Diferenciais técnicos:

Ambientes e Aplicações:

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